A Obesidade está a aumentar nos países industrializados e é desde o final do século XX, um dos maiores problemas de saúde pública, na medida em que constitui um factor de risco para várias patologias, ultrapassando em muito as questões estéticas. É uma doença crónica, complexa e multifactorial, que está associada a pensamentos e comportamentos disfuncionais. Nomeadamente, estilos de vida sedentários, maus hábitos alimentares, comer em excesso, ingestão de alimentos hipercalóricos e factores psicológicos, como por exemplo a presença de estratégias de coping inadequadas, com recurso à comida para a resolução de problemas. Neste sentido, a intervenção psicológica passa pela modificação comportamental, promovendo a adesão a estilos de vida saudáveis e por competências relacionais que promovam a motivação do cliente de forma a que ele próprio seja um agente activo na resolução do seu próprio problema de saúde. Nesta perspectiva, uma das estratégias muito utilizadas na minha prática clínica, passa por intervir sobre a forma de como as pessoas comem. Verifica-se muitas vezes, que nestas situações, as sensações de fome e saciedade estão desreguladas, quer pelo nosso estilo de vida, quer pelo stress do dia-a-dia. Por isto, é essencial promover uma alimentação mais consciente e mais planeada. Trabalha-se com os clientes a antecipação de cenários para realizarem refeições mais saudáveis. O ato de comer é automático, é algo que fazemos sem prestar atenção, o que o torna mais difícil de ser controlado. Por isso, se pensarmos sobre o que comemos temos um maior controlo alimentar e por conseguinte fazemos melhores escolhas alimentares, temos um melhor controlo da quantidade e apreciamos melhor, com mais prazer aquilo que comemos. Outra das estratégias que muito utilizo, passa por explorar as razões pelo qual as pessoas comem. Nós comemos por múltiplos motivos, para saciar a fome, em situações de convívio, em situações de partilha, porque a comida está disponível, para celebrar sucessos…. Inconscientemente são criadas associações entre a comida e as emoções positivas e/ ou negativas, e particularmente entre a comida e a sensação de conforto. Muitos dos meus clientes referem-me que a comida é a única coisa que os conforta, é a única coisa onde vão buscar algum conforto. Na intervenção também são trabalhadas estratégias e competências sobre como podem abandonar alguns estilos de pensamento que sabemos que são difíceis e que envolvem consequências gravosas, como “- ou cumpro a dieta toda ou ao mínimo deslize, perdido por 100, perdido por 1000”, estilo dicotómico, que nos aparece com alguma frequência e que precipita mais complicações e mais dificuldades na perda de peso ou um comportamento alimentar mais perturbado. Outra estratégia muito utilizada nestas situações, passa pela motivação para a prática da actividade física. Inicialmente a intervenção passa por desmistificar crenças erradas que as pessoas possam ter sobre a prática do exercício físico. Passa também por ajudar a pessoa a reflectir e a perceber quais as actividades físicas que podem ser mais adequadas quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista emocional, para que se sinta confortável a realizá-las e a mantê-las ao longo da vida. Estas estratégias de intervenção psicológica pretendem uma modificação comportamental sustentada, dos estilos de vida mais salutogénicos das pessoas, mantida no tempo, ao longo do seu percurso de vida.