[caption id="attachment_6762" align="alignnone" width="300"] Rui Cernadas - Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.[/caption]
Cada vez mais ouço pessoas, cidadãos, a queixarem-se de tudo e de nada. Talvez com carradas de razões e sofrimentos vários.
As memórias mais recentes, como povo, não são as mais agradáveis e mesmo na história milenar que nos honra no mundo, não teremos tido muitos momentos como estes que temos vivido nos últimos anos.
O SNS, que celebra em 2014 os seus 35 anos de vida, tem um papel importante a cumprir e os seus profissionais, apesar dos seus problemas pessoais e organizacionais, precisam de saber lidar com a pressão e percepcionar os sinais do comportamento daqueles que servem ou devem servir.
Aprendemos a dizer que os cidadãos ou os utentes são o centro do sistema e do nosso interesse quando na realidade não o têm sido.
Quando um clínico recusa um atendimento porque não tem tempo ou não quer assumir qualquer excedente na actividade; quando um enfermeiro informa que o horário da vacinação “já passou” ou que se lhe esgotou o material esterilizado para aquele dia; quando um administrativo diz que o sistema já está desligado ou que “não há médico”, estão a afirmar a demissão da sua missão e a quebrar a confiança que neles foi depositada…
Temos de falar mais com os cidadãos; de lhes explicar melhor as nossas opções, decisões ou propostas preventivas, diagnósticas ou terapêuticas.
A confiança é isso mesmo.
Aprender é uma arte intuitiva, mas a intuição não chega para ser artista, dizia-me um antigo professor do meu antigo liceu, no Porto, o D. Manuel II.
O autismo é realmente um conjunto de distúrbios muito complexos, sabendo-se hoje que vai além das meras condicionantes genéticas.
Conhecem-se há já alguns anos, evidências entre alterações metabólicas maternas – em especial a partir da diabetes gestacional – e questões ligadas ao desenvolvimento neurológico em crianças.
São muitos os estudos que, nesta altura, sobretudo nos Estados Unidos, investigam a relação entre as alterações metabólicas maternas e o espectro do autismo. A inflamação e a resistência à insulina podem ser muito importantes nesse contexto e associação.
Mas há outras formas de “autismo”, algumas das quais e para mal dos nossos pecados, transmissíveis… Com foco de transmissão a surgir em instâncias como o Tribunal de Contas, por exemplo, e a propagar-se a profissionais e organizações dos cuidados primários.
Não parecem sinais de bom tempo, nem prometem grandes resultados.
Há que manter o bom senso e agir mais do que falar.
A começar, sublinhe-se uma vez mais, pela defesa do SNS.
A sustentabilidade na saúde não pode ser, por si só, um objectivo. Mas ajudaria a entender a multifactoriedade ligada à gestão da saúde, num cenário de envelhecimento demográfico muito acentuado, de quebras reais na natalidade e que condicionam o processo de substituição geracional a prazo, de sobrelotação nas escolas médicas e de enfermagem, de acelerada informatização… Mas de desarticulação frequente, de necessidade de definição concreta do mapa hospitalar nacional, de inovação tecnológica e científica, também ligada ao medicamento e aos dispositivos médicos, de gestão e financiamento da doença crónica, da formação e certificação profissional, entre muitas outras áreas!
Os actores na saúde não podem ser os decisores.
Mas há que decidir.
De facto, saber, aprender e lembrar são vectores essenciais para a cultura de um povo, para a riqueza duma sociedade, para a dignidade das suas gentes.
E a decisão precisa de tempo e de oportunidade.
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Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.