O vice-presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) disse hoje à Lusa que a partir de 2016 haverá na região situações de desemprego entre os médicos de família.
Rui Cernadas explicou que a situação vai ocorrer, porque os 850 especialistas em Medicina Familiar que estão a ser formados nas universidades do norte do país são em número superior às necessidades.
"Não lhe falo em perspectivas, falo-lhe do que vai acontecer", acentuou.
Falando em Penafiel à margem das comemorações dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde, organizadas hoje pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, o representantes da ARS-N recordou que a região norte tem actualmente mais 300 médicos do que no final de 2011.
Por isso, observou, todas as necessidades da região, onde ainda há sete por cento de doentes sem médico de família, ficarão totalmente satisfeitas com os novos profissionais.
Rui Cernadas previu também que o excesso de médicos especializados em Medicina Familiar passará também a afectar o resto do país, a partir de 2018, incluindo o Algarve, que disse ser a região com mais carências.
O vice-presidente da ARS-N recordou que já há agrupamentos de centros de saúde na região norte onde não há carências, como o de Gondomar e o da Póvoa de Varzim/Vila do Conde.
Questionado sobre as carências que ainda existem no interior do distrito do Porto (no Baixo Tâmega 25% dos utentes não têm medico), afirmou que a situação deverá ficar resolvida com os novos especialistas que sairão das faculdades em 2016.
Apesar disso, avisou Rui Cernadas, 2015 vai ainda ser um ano "muito difícil", porque vão aposentar-se dezenas de médicos de família, que se fixaram nos anos 70 e 80, deixando a descoberto vários concelhos do interior da região norte.
Por favor faça login ou registe-se para aceder a este conteúdo
Não podemos ser indiferentes ao descontentamento dos médicos nos tempos que correm, nunca vi tantos médicos a dizerem pensar sair ou desistir do que construíram. Desde médicos de família que pensam acabar com as suas USF, por não verem vantagem em continuarem a trabalhar no sentido da melhoria contínua (e até sentirem que os desfavorece) até médicos hospitalares a querer deixar de ser diretores de serviço, sair do sistema público e/ou, até, reformar-se antecipadamente. Tudo o que foi construído parece à beira de, rapidamente, acabar.