A UpHill é uma startup portuguesa que desenvolve software de análise da qualidade e treino avançado para hospitais. Através da utilização dos seus produtos, os profissionais de saúde aumentam o grau de adoção de boas práticas internacionais. Isto permite às unidades de saúde aumentarem a qualidade e a segurança dos cuidados prestados. Fundada em 2015 por três médicos, a UpHill foi distinguida pela ANJE com o Prémio Jovem Empreendedor em 2016 e já está presente na maioria dos hospitais privados em Portugal. O Jornal Médico falou com o CEO da UpHill, Eduardo Rodrigues, sobre o software e a sua participação no Science and Innovation Congress, que decorreu recentemente, em Lisboa.
JORNAL MÉDICO (JM) | Como nasceu a UpHill?
EDUARDO RODRIGUES (ER) | A UpHil foi criada em 2015 por três médicos. Existia uma necessidade de acompanhar a evidência científica que está em constante evolução. Tendo isso em conta, desenvolvemos um software que permite aos médicos fazer o que habitualmente fariam no tratamento de uma patologia e posteriormente receber um relatório com o que pode ser melhorado relativamente a essa prática.
JM | Quais são os principais objetivos da tecnologia UpHill?
ER | O nosso principal objetivo é capacitar os profissionais de saúde para conseguirem prestar os melhores cuidados possíveis ao doente. O que fazemos é facultar o software a profissionais de saúde, onde podem identificar pontos de melhoria apresentados por nós, com o objetivo de maximizar a qualidade dos cuidados – o médico deve, inicialmente, seguir a prática normalmente adotada para a resolução de um caso clínico e o software disponibiliza uma simulação para obtenção de melhores resultados.
As doenças raras são um ótimo exemplo, na medida em que o médico não lida com estas doenças todos os dias. Com o nosso produto simulamos a doença rara e passamos a informação ao profissional de saúde sobre qual a melhor abordagem.
JM | Existe uma boa adesão por parte da comunidade médica?
ER | Neste momento estamos presentes em algumas instituições e o índice de satisfação é de nove em 10, segundo as últimas avaliações.
JM | A utilização deste software reflete-se na experiência dos doentes dentro do hospital?
ER | Sim, indiretamente. O doente nunca vê o software, mas de facto quanto mais os profissionais de saúde estão a par das práticas internacionais mais atuais, melhor será a experiência do doente e mais eficaz a terapêutica escolhida.
JM | Qual é o impacto que esta tecnologia pode ter no tratamento de doenças raras e no futuro do setor da saúde?
ER | No caso do tratamento das doenças raras, nós colocamos à disposição do profissional de saúde um software que lhes permite acompanhar casos clínicos de uma forma muito fiel à realidade e estudar a dinâmica doença para saber qual será a melhor atitude a tomar. Esta tecnologia permite também a categorização de doenças raras.
JM | Onde é que se pode encontrar o software?
ER | Podemos encontrar o software em algumas unidades do grupo Luz Saúde, em alguns hospitais públicos (nos serviços de Cardiologia) e todos os colegas podem encontrar o software online. Mesmo que a instituição para a qual trabalham não a utilize, estamos a trabalhar numa adesão individual por parte dos profissionais de saúde interessados.
JM | Qual a importância de terem participado, há dias, no Science and Innovation Congress?
ER | A nossa participação no evento foi muito positiva. Temos vindo a desenvolver uma excelente relação com a Novartis, é nossa cliente desde que este produto foi apresentado e o projeto em Portugal tem corrido muito bem nas áreas da Hematologia e da Insuficiência Cardíaca. Assim, foi muito bom poder partilhar o nosso projeto com o responsável da Novartis Retail e também com a direção médica da companhia.
Um dos aspetos importantes debatidos no congresso foi o conceito de confiança entre as startups e as empresas já estabelecidas no mercado.
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.