Os trabalhadores da restauração e serviços de apoio aos hospitais cumprem hoje o primeiro de dois dias greve para reivindicar melhores salários e compensações pelo esforço no período da pandemia, concentrando-se hoje frente ao parlamento.
Os trabalhadores do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) cumprem hoje o primeiro de dois dias de greve, para exigir aumentos salariais, redução de horário de trabalho e pagamento de subsídio de risco, entre outras reivindicações.
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
O vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Centro, João Rodrigues, disse hoje que cerca de 75% das cirurgias programadas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) foram desmarcadas devido à greve dos médicos.
"Hoje, no CHUC, houve blocos fechados e 75% das cirurgias programadas não ocorreram", devido à adesão dos médicos à greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), informou João Rodrigues em declarações à Lusa, considerando que, na região, houve uma "enorme adesão dos médicos", quer em centros de saúde quer em unidades hospitalares.
O dirigente sindical referiu ainda que a adesão é "a demonstração do apoio para com esta luta do sindicato e da Ordem dos Médicos", sublinhando que houve um "respeito total pela garantia dos serviços mínimos".
José Pedro Figueiredo, director clínico do CHUC, afirmou esta manhã, em conferência de imprensa, que, embora em alguns serviços não tenha havido qualquer impacto, outros sentiram "algum impacto" por causa da greve.
O responsável explicou ainda que, a partir de quinta-feira, será accionado um "conjunto de gestos burocráticos e administrativos" para "reprogramar e recalendarizar" todas as actividades que não se puderam realizar hoje.
CDS-PP
O CDS-PP defendeu hoje que a greve dos médicos "não é uma greve da comunidade médica", mas para cumprir "instruções da CGTP", na sequência das formas de luta anunciadas pela central sindical e pelo PCP depois das europeias.
"Não é uma greve da comunidade médica, não é sequer uma greve de toda a FNAM, é uma instrução da CGTP à FNAM. Por isso, esta greve, aliás, tanto quanto sei, tem tido uma adesão muito reduzida", disse à Lusa a deputada do CDS-PP Teresa Caeiro.
"Foi aliás anunciada logo a seguir as europeias, quando o PCP e a CGTP anunciaram formas de luta", disse.
"Não há nada de construtivo nesta greve. Os mais prejudicados são os utentes do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente aqueles que não têm alternativa, que são os que mais precisam", sustentou Teresa Caeiro.
Para o CDS-PP, a greve destina-se a cumprir "instruções da CGTP para que a FNAM quebrasse o acordo tripartido" com o Sindicato Independente dos Médicos e o Ministério da Saúde.
Teresa Caeiro argumentou que a comissão tripartida criada no âmbito desse acordo já resolveu diversas reivindicações dos médicos.
"O Ministério da Saúde abriu mais de quatro mil vagas no SNS, mais 50% das vagas previstas no acordo, além da contratação de mais de mil especialistas e da contratação de 3.800 enfermeiros", afirmou.
CGTP
O líder da CGTP acusou hoje o ministro Paulo Macedo de ser “o coveiro da Saúde” em Portugal e disse que o governante tem de ser responsabilizado por qualquer caso grave que venha a ocorrer com doentes.
“Este ministro é o coveiro da Saúde e tem de ser responsabilizado politicamente por qualquer problema que venha a surgir que envolva mortes”, declarou Arménio Carlos, que participa hoje na concentração de médicos que decorre junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
A CGTP considera que a greve de dois dias dos médicos “não é só uma luta em defesa dos direitos profissionais” mas, acima de tudo, de defesa da saúde dos portugueses.
“Esta manifestação conta também com o apoio da população portuguesa”, referiu o dirigente da central sindical.
Arménio Carlos “avisou” o ministro da Saúde, Paulo Macedo, de que “com a vida das pessoas não se pode brincar”, referindo-se aos “cortes cegos” que considera que o Ministério tem feito no sector.
[caption id="attachment_6605" align="alignleft" width="300"] "Este Governo, tal como em outras áreas, já ultrapassou em muito a linha vermelha no que respeita ao Serviço Nacional de Saúde. Este Governo está a fazer uma política que está a matar os portugueses", afirmou Arménio Carlos[/caption]
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) "está doente" porque o Governo está a degradá-lo conscientemente, acusou hoje o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, durante uma concentração contra as deficientes condições de funcionamento do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).
"Este Governo, tal como em outras áreas, já ultrapassou em muito a linha vermelha no que respeita ao Serviço Nacional de Saúde. Este Governo está a fazer uma política que está a matar os portugueses", afirmou Arménio Carlos.
O líder sindical considerou que o Governo está "a matar" as pessoas ao cortar nos apoios sociais e no acesso ao SNS, quando os utentes têm de esperar 12 horas nas urgências ou 20 por cento dos idosos não têm dinheiro para comprar a totalidade dos medicamentos prescritos pelos médicos.
Arménio Carlos considerou que o ministro da Saúde não está preocupado com a sustentabilidade financeira do SNS, mas "em fazer cortes cegos, que coloca neste caso concreto, a economia à frente das pessoas".
A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.