Teste genético português ajuda a escolher o tratamento mais eficaz para cada doente
DATA
21/01/2021 12:07:33
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Jornal Médico
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Teste genético português ajuda a escolher o tratamento mais eficaz para cada doente
Investigadores portugueses desenvolveram um teste genético que pode ajudar médicos a escolher os medicamentos mais adequados ao doente, evitando efeitos adversos que podem implicar despesas com internamento e, no limite, levar à morte.

Este teste, o único a nível europeu, vai permitir avaliar “88 variantes genéticas em 32 genes através de uma colheita de saliva”, explica Ana Teresa Freitas, da startup portuguesa HeartGenetics, uma empresa que nasceu no Instituto Superior Técnico (IST), em declarações à Lusa.

Disse ainda que “a indústria farmacêutica tem muita falha terapêutica e gasta milhões em medicamentos na Europa que depois vão para África ou para a Ásia e falham na eficácia”.

Contudo, a especialista alerta que as pessoas podem reagir de forma diferente aos medicamentos, por diversas razões. “Se a metabolização for muito rápida o organismo expulsa depressa e há pouco efeito [do fármaco] e se for lento pode ter toxicidade. Assim como, por exemplo, os genes de cada pessoa podem fazer ganhar peso com determinada medicação, ou ter reações cutâneas”, explicou.

Em declarações à Lusa, Ana Teresa Freitas contou que as agências reguladoras foram ao longo dos tempos elaborando ‘guidelines’ fármaco a fármaco, indicando que quem tem determinadas características no genoma pode ou não tomar determinados medicamentos.

“Em ano e meio construímos um painel de laboratório em que, a partir de uma amostra de saliva que a pessoa pode colher em casa e enviar pelo correio, pois não se degrada à temperatura ambiente, no laboratório conseguimos extrair o DNA das células e ir a uma série de posições do genoma buscar, de uma forma agregada, toda a informação de que precisamos para cinco áreas terapêuticas: cardiologia, psiquiatria, gestão da dor, diabetes e oncologia”, esclareceu.

A especialista salienta que o teste é feito “uma única vez” e acompanha a pessoa para toda a vida, frisando que a informação é “muito relevante sobretudo para os doentes polimedicados [que tomam vários medicamentos]”.

A equipa já preparou uma proposta para ter o teste em cinco hospitais (privados e públicos) e diz que o processo só atrasou “por causa da pandemia”.

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Editorial | Joana Torres
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