Covid-19: Estudo da Ordem dos Médicos do Centro revela "graves carências" de material no SNS
DATA
05/05/2020 15:46:02
AUTOR
Jornal Médico
ETIQUETAS




Covid-19: Estudo da Ordem dos Médicos do Centro revela "graves carências" de material no SNS

Um estudo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) revela “graves carências” de material de apoio e de proteção, no combate à pandemia da covid-19 no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

As conclusões divulgadas mostram que 88% das 1.003 respostas validadas de médicos que trabalham em hospitais e centros de saúde da região apontam para a falta de "pelo menos um tipo de material essencial para o combate à Covid-19".

Segundo o estudo, 59% dos médicos assumem falta de material geral, 83% apontam para a inexistência Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e 62% reportam falta de material ao nível do apoio ao exame clínico.

Relativamente aos EPI, 44% dos clínicos reportam a inexistência de máscara FFP2 ou equivalente, 35% assinalam falta de fato de proteção integral, 35% a proteção de calçado, 31% a falta de bata impermeável e 28% a falta de roupa de circulação hospitalar.

Os resultados revelam ainda as “falhas de material ao nível do apoio ao exame clínico de urgência”: 30% assumem falta de termómetro de infravermelhos, 19% dizem que não têm oxímetro, 17% assinalam que faltam otoscópios e 18% afirmam não ter estetoscópio.

O estudo denuncia também as diferenças entre hospitais e centros de saúde, uma vez que 36% dos médicos que trabalham nos hospitais reportam a falta de proteção integral, enquanto 47% dos médicos apontam essa falta nos Cuidados de Saúde Primários.

Nos hospitais, 31% os clínicos indicam falta de proteção ocular, enquanto nos cuidados de saúde primários essa falha é reportada por 37% dos médicos.

"Através deste estudo, damos um contributo na missão de defender e proteger os médicos e os restantes profissionais de saúde, bem como toda a população que recorre ao SNS", destaca o presidente da SRCOM, Carlos Cortes.

Com base nos números obtidos no estudo, defende que Covid-19 "veio mostrar as graves carências em todo o SNS" e salienta que "os responsáveis do Ministério da Saúde deverão, face a esta identificação rigorosa, tomar medidas concretas e muito urgentes".

"Esta falta de material é muito grave, sobretudo no momento em que estamos a retomar a atividade. Deveremos aproveitar esta fase para nos prepararmos para novas vagas da doença da covid-19", conclui.

O estudo foi realizado durante o mês de abril através de um inquérito anónimo online enviado a 1.095 médicos inscritos na SRCOM, que só podiam responder uma vez, para identificação de material indispensável na estratégia de luta contra a Covid-19.

O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde
Editorial | Joana Torres
O (Des)alento da Medicina Geral e Familiar no Serviço Nacional de Saúde

A atual pressão que se coloca nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal é um presente envenenado para os seus utentes e profissionais de saúde.